segunda-feira, 6 de abril de 2009

Comentário da obra Uma Verdade Inconveniente

A obra Uma Verdade Inconveniente (2006), do norte-americano Al Gore, que inicialmente fez sucesso nos cinemas e conquistou o Oscar de melhor documentário em 2007, está disponível no Brasil também em livro, pela editora Manole. Levantando uma problemática eminente nos tempos modernos - as mudanças climáticas e o aquecimento global -, o livro desperta para a dita necessária conscientização em prol da sobrevivência humana. “O que vemos é uma colisão colossal, sem precedentes, entre a nossa civilização e o planeta Terra” (p.214).

O autor chama a atenção para fenômenos, antes incomuns e que hoje já atingem todos os pontos do mundo. “Em 2004 foi preciso reescrever os livros de ciência. Eles antes diziam: é impossível haver furacões no Atlântico Sul. Mas naquele ano, pela primeira vez, um furacão atingiu o Brasil” (p 84). Esta é apenas uma entre tantas outras evidências apresentadas no volume sobre a devastação da Terra. “Enquanto os oceanos ficam mais quentes, as tempestades ficam mais fortes. Em 2004, a Flórida foi atingida por quatro furacões extratropicais extraordinariamente violentos” (p 80). Além disso, “as grandes tempestades, tanto no Atlântico como no Pacífico, aumentaram em duração e intensidade, desde a década de 1970, em cerca de 50%” (p. 92).

Al Gore, político democrata e vice-presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001 durante a administração de Bill Clinton, é engajado e reconhecido por sua atuação na luta pela preservação da natureza e do meio ambiente, o que culminou, em 2007, com o recebimento do Prêmio Nobel da Paz, durante o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU.

Apesar de contestada por muitos críticos e correntes de meteorologistas e cientistas que caracterizam a obra como “alarmista” e “sensacionalista”, ela traz dados, pesquisas e depoimentos que lhe conferem credibilidade, ratificando o conteúdo e a importância do tema. Mais do que simplesmente apresentar e esclarecer sobre a questão em termos científicos, o autor busca sensibilizar a humanidade não apenas para a reflexão, mas para mobilizações e atitudes concretas que possam reverter o quadro de profunda devastação e deterioração o qual a Terra estaria se encaminhando.

O autor aborda, nesse contexto, o egoísmo, a irracionalidade e a preocupação exclusiva com o lucro e o enriquecimento que dominam a consciência humana, sem que a população atente para o futuro dos próprios filhos e netos. “Para nós, o verde da ecologia traz o verde do dinheiro. Estamos em um período em que a melhora ambiental levará à lucratividade”, conforme depoimento de Jeffrey R.Immelt, presidente da General Electric (p 274), uma multinacional do ramo de tecnologia.

Com excelente apresentação visual, impressão e acabamento, o volume de 327 páginas utiliza recursos como imagens, mapas, fotos, gráficos e variadas fontes e tamanhos de letras que tornam a leitura atraente e aprazível. O discurso de Al Gore, agora ao alcance também em livro, é marcado pela ideia de que “chegou a nossa vez de entrar em ação e garantir o nosso futuro” (p. 300).

(texto publicado originalmente no jornal Correio do Povo de 09/03/2009, página 12)

Um comentário:

Gabi disse...

Adorei a escolha do tema.
É muito importante que esses temas sejam divulgados e debatidos. Isso pode ficar dificil, principalmente quando aqueles que os trazem a tona são taxados de eco-chatos. Gostraia de saber a tua opinião sobre isso tudo...

Fiquei com vontade de ler o livro