quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Medo

O medo impera na nossa sociedade e toma conta da vida das pessoas. Não estamos mais seguros em lugar algum. Não podemos sair de casa. Não podemos voltar tarde porque podemos ser assaltados. Não podemos abrir o portão da garagem sossegados porque pode ter alguém a nossa espera para roubar o carro ou fazer algo pior. Não podemos deixar os filhos sozinhos em casa porque é perigoso. Não ficamos tranqüilos em deixá-los andarem na rua sozinhos porque é perigoso. Não podemos ter muitos cartões na bolsa. Não devemos andar com o talão de cheques inteiro na carteira, apenas com uma ou duas folhinhas, a quantidade que formos usar. Não podemos abrir e mexer na bolsa em locais públicos porque facilita a ação dos bandidos. Não podemos retirar dinheiro no caixa eletrônico depois de um certo horário porque é perigoso. Ao sairmos de casa para uma viagem, mesmo que seja somente um final de semana, quanto mais cadeados colocarmos na porta melhor. Se possível, acionamos alarme, cerca eletrônica e câmera de segurança.

Medo de sair de casa. Medo da violência. Medo do olhar do outro. Medo da repressão. Medo da exposição. Medo de viver.

A síndrome do medo e da insegurança se prolifera como uma doença de alto teor contagioso, transformando a vida em uma realidade artificial e superprotegida. A mente humana é dominada por neuroses, angústias, medo, pavor, desespero.

A sociedade está doente, trêmula, angustiada, insegura, impotente.

Mas se tivermos medo de tudo, deixando que esse medo generalizado tome conta de nossas vidas e consuma nossas mentes e energias, simplesmente não viveremos mais. Prisioneiros de nós mesmos. Deixaremos de viver, de sair de casa, de ir a uma festa, encontrar os amigos, caminhar no parque, viajar, trabalhar, ter filhos, nos divertir etc. Seremos os bandidos, os vilões, os verdadeiros assaltantes de nossas próprias vidas, de nossa própria personalidade. Passaremos a apenas subsistir. Sim, reféns em nossas casas, ou melhor, fortalezas. O problema não está no outro. Nós somos destruidores de nossas próprias vidas ao deixarmos o medo ser mais forte que nós.

2 comentários:

Anônimo disse...

aie, mari. só de ler teu texto fiquei com medo.

medo é medo. faça do medo o medo de ter medo. hahahahha. legião urbana. :P

Unknown disse...

"Primeiro senso é a fuga.
Bom na verdade é o medo,
Dai então a fuga."

Teatro mágico...


o medo leva à fuga e ao isolamento.... que gera mais medo....

mto bom prima

bjoos