segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Amiga ou inimiga do tempo?

Sofro por antecipação. Sou muito ansiosa. Sofro por não saber esperar. Me preocupo demais com tudo. Me precipito. Quero resolver os problemas todos pra ontem, antes mesmo que eles aconteçam. Já imagino as diversas situações e possibilidades caso as coisas dêem errado e não ocorram dentro do esperado. Sou precavida em excesso.

Sei que esse comportamento não leva a nada. Todas as vezes que me estressei demais com algo, depois percebi que estava exagerando e que o estresse era desnecessário, que não me levou a nada.

Quando me perguntam uma qualidade e um defeito meu, sempre sou muito honesta. Qualidade, digo que sou bastante determinada, persistente, batalhadora, esforçada. Defeito, sou ansiosa, não tenho paciência, não sei esperar, sofro de véspera.

Uma sala de espera de um consultório é uma tortura. Brinco que é um exercício de paciência. O mesmo ocorre com uma fila de banco, fila de supermercado, quando estou atrasada para algum compromisso, quando aguardo muito uma pessoa que se atrasa (geralmente os outros me deixam esperando, dificilmente me atraso).

Esperar por algo que desejo muito também me deixa ansiosa, aflita, nervosa, impaciente. Os dias, os minutos, os meses (quando você quer que eles passem rápido) demoram uma eternidade. Os ponteiros do relógio se arrastam.

O tempo nunca foi meu aliado. Quando estou atrasada, o tempo voa. Quando quero que passe rápido, o relógio pára e os minutos congelam no mesmo ponto.

Não é fácil falar sobre esse que é um “defeito” meu de forma tão aberta. Na verdade, não quero chamar de defeito, mas de um traço da minha personalidade. Algo que eu carrego comigo, que faz parte de mim e não vai mudar assim tão facilmente.

Trata-se de uma característica que, em determinada situações, pode se caracterizar como uma qualidade. Quando estou insatisfeita, triste ou aborrecida com algo. O fato de eu ser ansiosa me leva a tomar logo uma atitude para contornar a situação. Gosto de resolver as coisas no momento em que elas precisam ser resolvidas, não deixo para depois, não gosto de guardar para mim as coisas que me incomodam, gosto de compartilhá-las com outros e, de preferência, dar um jeito de resolvê-las rapidamente. O tempo urge!

O que eu preciso realmente é lidar com o fato de eu ser uma pessoa ansiosa, aprender a me controlar, me conhecer cada vez melhor e saber o que fazer para que essa particularidade não se torne um problema na minha vida. Tenho que aprender a usar essa característica a meu favor, em prol de coisas boas e não deixar que ela atrapalhe meu dia-a-dia.

Na verdade, nunca senti que a ansiedade tenha me prejudicado em uma prova, uma apresentação de trabalho, uma entrevista, uma reunião importante. Nesses momentos gerencio bem minhas emoções, provavelmente por se tratarem de situações formais, ligadas ao campo profissional - situações que não dizem respeito a mim como indivíduo em minha vida particular.

Em momentos da minha intimidade, que não representam situações formais, a ansiedade e a falta de paciência tomam conta de mim. São ocasiões em que não tenho cobranças externas, apenas internas, cobranças feitas por mim mesma – seja quanto a um emprego, a uma boa colocação no mercado, a uma viagem, um passeio, uma festa ou algo que queira fazer. São essas, sim, as piores cobranças, as mais rígidas e severas. As maiores repreensões que recebo são as minhas próprias.

Mesmo quando as coisas dependem exclusivamente de mim, podem não dar certo. E isso aumenta a minha frustração comigo mesma. Me sinto insatisfeita, decepcionada, desapontada profundamente. Irritada, magoada. Talvez por muitas vezes não atingir – imediatamente - todas as minhas ambições, visto que a médio prazo geralmente consigo atingir meus objetivos. O maior problema é quando não os alcanço no instante presente.

Quando as coisas dão errado e a responsável por isso sou eu mesma, não tenho sequer em quem depositar a “culpa”.

Todos estão sujeitos a falhas e imprevistos. Sequer tenho o controle absoluto que julgava (e gostaria de ter) sobre minha própria vida. As coisas não acontecem exatamente da forma que imagino. Pior de tudo é esperar que o comportamento dos outros seja da forma como eu gostaria que fosse. Nem mesmo o meu comportamento é da forma que eu imagino que deveria ser.

Agora percebo que muitas vezes coloco uma expectativa excessiva nos outros. Quando coloco expectativa somente em mim mesma ainda assim me frustro - quem dirá quando as coisas não dependem só de mim.

Esperar demais dos outros é um grande erro, visto que às vezes não posso atender nem as minhas próprias expectativas, reivindicações internas e anseios.

As pessoas estão sujeitas às suas subjetividades, assim como eu estou sujeita às minhas. Além das considerações e variações interiores, as influências do meio e do contexto em que vivem também interferem em seu comportamento.

Eu diria que estou aprendendo a me relacionar com o relógio, com o tempo, comigo mesma, com a vida. Nem tão rápido, nem tão devagar... Um desafio constante!

domingo, 26 de outubro de 2008

Livros para download gratuitos

No link http://www.dominiopublico.gov.br/ é possível fazer download gratuito de muitas obras maravilhosas de literatura. Entre os destaques estão Machado de Assis, Fernando Pessoa, literatura infantil, poesias, Shakeaspeare, além de obras sobre educação, vídeos e músicas eruditas, entre outros. Vale a pena conferir!!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Fique por dentro

Curso gratuito "Mídia, controle e democracia" começa no dia 27

Estão abertas as inscrições para "Mídia, controle e democracia - curso de análise crítica das indústrias culturais", gratuito e com certificado reconhecido pela Unisinos. As aulas vão de 27 a 31 de outubro, das 19h às 21h30min, na sede do Sindicato dos Técnicos do Tesouro do Estado do RS - rua dos Andradas, 1234, 21º andar, em Porto Alegre. Entre os temas abordados, Comunicação, Capitalismo e Políticas Públicas, Digitalização das Comunicações e A proposta de um modelo de comunicação democrática, entre outros, com especialistas do RS, de SP e de Moçambique. Para se inscrever, basta enviar email para abraco@abracors.org.br, com nome completo, CPF, RG, profissão e endereço.

***************************

Jornalistas autografam livro sobre rádio porto-alegrense

Acontece no dia 11 de novembro, às 20h30min, na Praça da Alfândega, a sessão de autógrafos da obra A história do rádio porto-alegrense contada por quem a fez, de Andreia Athaydes e Sergio Stosch. Na mesma data, antecipando o lançamento, às 18h, na Sala Leste do Santander Cultural, os autores, juntamente com o presidente da ARI, Ercy Torma, recebem convidados especiais, que participaram do livro contando curiosidades e experiências enquanto profissionais do rádio. Ambos os eventos ocorrem durante a 54ª Feira do Livro de Porto Alegre, com entrada franca.

***************************

Sarau - Cecília Meireles

A Biblioteca Pública do Estado realiza mensalmente uma atividade do projeto "Sarau com ritmo - o autor é o tema". Esta edição será sobre a autora Cecilia Meireles. Com breve apresentação do autor, leitura de trechos da obra e música, e exposição de obras disponíveis na Biblioteca Pública.

* Promoção: Editora Revolução Cultural, Biblioteca Pública do Estado, AABPE, Discoteca Pública Natho Henn.

Data: 13 de novembro
Horário: 19h às 20h30
Local: Casa de Cultura Mário Quintana - auditório Luis Cosme - 4° andar
Informações: (51) 3225-1124
Entrada franca

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Educação aos pedestres

Vejo absurdos no trânsito todos os dias. Na avenida Bento Gonçalves, por exemplo, uma pequena mureta separa o corredor de ônibus da pista dos carros. Seguidamente pessoas passam por cima da mureta, sendo que a avenida possui diversas sinaleiras e faixas de segurança, onde seria o local próprio para a travessia. No Centro da cidade, os pedestres simplesmente se jogam na frente dos carros em qualquer lugar para atravessar a rua.

Não são apenas os motoristas os responsáveis pelos problemas no trânsito na cidade. Num simples trajeto da minha casa até o trabalho percebo absurdos como esses diariamente cometidos por pessoas que caminham pelas ruas da cidade. São pedestres que, se eu pudesse, os multava e os guinchava, como se faz a um motorista infrator.

São indivíduos inconseqüentes que colocam em risco a sua vida e a de outras pessoas. Não têm respeito e amor pela própria vida e, muito menos, pela vida do próximo. Se colocam em situações de risco extremo.

Muitos acidentes são causados por pedestres que atravessar a rua fora de uma sinaleira apenas para não caminharem dez passos a mais. Outros atravessam embaixo ou ao lado de uma passarela, como se ela não existisse e não estivesse ali exclusivamente para contribuir com sua própria segurança.

Um motorista que freie de repente ou desvie bruscamente de um pedestre que se arrisca em local impróprio pode colidir com outros veículos, ferindo e até matando inocentes.

Respeito, civilidade e cautela no trânsito dependem fundamentalmente da educação. O trânsito é o reflexo da sociedade e dos valores que a população possui. Um trânsito esculhambado e caótico revela pessoas sem educação, perturbadas psicologicamente, sem paciência, sem equilíbrio emocional. Solução? Sim, sempre acredito em soluções desde que haja vontade e determinação.

Investimentos nas crianças, adolescentes e jovens ajudariam a formar o tanto o motorista, como o pedestre – que da mesma forma possui papel fundamental no trânsito. Campanhas eficientes de segurança e conscientização contribuiriam com a reciclagem dos atuais motoristas e pedestres. Investimentos em infra-estrutura é outro requisito para solucionar a questão. Preocupação com o dia de hoje e o de amanhã, preocupação com o pedestre e com o motorista.

Educação de qualidade para TODOS é a solução para quase TODOS os problemas que enfrentamos hoje na sociedade.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Canção silenciosa

Meia-noite. Minha irmã toca teclado no apartamento. A essa hora, usa fones de ouvido. Em prédio, o horário de silêncio é lei.

Toca no quarto dela, ao lado do meu. Não incomoda os vizinhos. Não incomoda nossos pais. Incomoda apenas a mim. Não pelo barulho da música alta àquela hora, pois isso não ocorre. Ela me surpreende e me inquieta com o som seco das teclas que ecoa surdo pelo cômodo do apartamento.

Teclas apertadas com força, ora com mais intensidade, ora com menos, ora em ritmo frenético, ora calmamente.

O som seco das teclas que não produzem música – produzem um ruído seco – me instiga. Entro de mansinho. Ela não me olha. Não percebe minha presença. Continua a tocar. Dedilha notas sobre o conjunto de teclas. Agora em ritmo mais rápido.

Ela vive outra dimensão naquele instante. Uma dimensão que eu não alcanço porque não escuto o mesmo que ela escuta. A melodia daquelas notas não pode ser percebida por mim.

Só ela sabe o que está tocando nesse momento. Qual música especificamente? Qual melodia estaria produzindo e escutando através daqueles enormes fones, que lhe contornam a cabeça e lhe cobrem as orelhas?

Tocar com fones de ouvido é a forma mais egoísta do mundo de se produzir música. A música precisa se espalhar pelos ares, pelo ambiente, precisa ser admirada e ouvida por todos – pela família, pelos vizinhos, pelos amigos, e por mim, é claro.

Eu estava ali. Ouvia o ruído surdo das teclas baterem, sem ter a menor idéia de o que ela tocava.

Ninguém percebe o som do choque mecânico dos dedos quando se toca da forma convencional, sem os fones.

O som que escuto dos dedos batendo no instrumento musical existe por trás de qualquer canção produzida por um teclado. É um som jamais ouvido por mim antes ou ao menos trata-se de algo que jamais prestara atenção.

Adentro completamente o quarto decidida a pedir para que ela tire os fones e toque um pouquinho para eu ouvir. Agora ela percebe minha presença, pára de tocar e me olha.

Quero ouvir um pouquinho, digo baixinho. Ela me olha desconfiada e faz menção de que vai tirar os fones. Não, não precisa, quero ouvir assim com os fones mesmo, respondo subitamente sem saber bem por quê.

Talvez os ruídos secos produzidos pelos dedos da minha irmã fossem o exato encanto daquela música. Eu imaginava através deles o que quisesse. Ela poderia estar tocando Bach, Beethoven, Vivaldi ou uma composição própria – não importava.

Sou grata a ela por tocar com aqueles fones. Se eu escutasse realmente a música, talvez aquele momento não fosse tão mágico e belo. Eu mesma compunha mentalmente a melodia que eu bem quisesse. Uma canção encantadora, que eu mesma criara...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Seminário debate Contracultura e a Indústria Cultural

O Seminário Internacional A Aventura da Modernidade chega ao fim nesse sábado, dia 4 de outubro. A partir das 9h, os professores Sergius Gonzaga e Antônio Hohlfeldt estarão no Instituto Cultural Brasileiro Norte Americano (Riachuelo, 1257, Porto Alegre) discutindo os fenômenos da contracultura e da indústria cultural.

O último encontro do Seminário organizado pela Coordenação do Livro e Literatura da SMC tem entrada franca. Outras informações através do fone (51) 3289.8072.

Programação do dia 4 de outubro:

A explosão da contracultura - Sergius Gonzaga (secretário de Cultura de Porto Alegre e professor de Literatura Brasileira da UFRGS)

O triunfo da indústria cultural - Antonio Hohlfeldt (Escritor, crítico teatral e professor de Comunicação Social da PUCRS).

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O individualismo é mais fácil

O que é mais fácil: viver sozinho e isolado ou viver cercado por pessoas diferentes, convivendo com estilos e formas de pensar conflitantes o tempo todo? Não me resta dúvida de que o mais “fácil” é viver sozinho, sem ninguém para nos incomodar, aborrecer ou contrariar. Não dar satisfações a ninguém, não ter que trabalhar em grupo, discutir com os outros. Ter autonomia total, ser dono do próprio nariz, tomar decisões sem consultar ninguém. Uma vida tranqüila e sem sobressaltos - dependendo apenas de nós mesmos. Aparentemente, tudo muito cômodo e prático.

A questão é... Será que vale a pena?

O ser humano precisa de outras pessoas para se realizar, para se estabelecer, tanto em termos pessoais, quanto profissionais, afetivos, familiares. Viver em um casulo, isolado de tudo e de todos, pode parecer tentador: um mundo em que não haveria pessoas intrusas, inconvenientes, arrogantes, mal educadas. Em compensação, não existiriam os amigos, as festas, os amores, as risadas, a diversão, a alegria.

Viver sem a companhia dos outros, sem uma troca constante, não nos desenvolve como seres humanos; não acrescenta nada em nossas vidas; não nos permite evoluir como pessoas e aprimorar nossas virtudes e qualidades. Sem união, companheirismo e amizade não fazemos nada, não somos nada.

E quando digo nada, é nada mesmo. Sozinhos não somos capazes de atingir objetivos, sonhos e metas. Unidos vamos mais longe, vamos além. Com outra pessoa nos apoiando, o maior dos planos, a idéia mais inusitada, o ideal mais inatingível torna-se realidade. Duas pessoas unidas são mais fortes que duas pessoas sozinhas. Duas pessoas juntas têm a força e a energia superiores a de dez pessoas sozinhas.

Desde a época do colégio lembro que a turma não gostava de fazer trabalho em grupo. Um integrante acabava sempre pegando todo trabalho para si e esquecendo dos colegas, não deixando os outros participarem – seja por medo de que eles não fossem ajudar, seja por desinteresse ou mesmo por acomodação dos demais componentes.

Com o tempo aprendi a importância de um trabalho em grupo. Trata-se de um desafio nada fácil. Exige paciência (e muita), jogo de cintura e mente aberta para ouvir e aceitar novas opiniões (mesmo sem necessariamente concordar com elas). Trabalho em grupo é uma negociação constante. Quando falo em trabalho me remeto à convivência social de uma forma mais ampla. Pode ser em um ambiente empresarial, pode ser na família, em um curso, em sala de aula, em um condomínio, em uma associação, em um clube, em qualquer lugar.

Conviver com pessoas é imensamente difícil. Mas traz recompensas maravilhosas. Conversar, discutir, expor as idéias ajuda a organizar o raciocínio, nos fortalece, amplia nossas perspectivas de mundo e de futuro a partir da troca de experiências. Trabalhando com outras pessoas nós produzimos mais e melhor.

Os conflitos são inevitáveis. Mas, ainda assim, vale a pena.

Muitos afirmam que podemos ser auto-suficientes, mas essa idéia não me convence. Eu preciso da família, dos amigos e de todos que estão próximos de mim. Sei também que muitas pessoas precisam de mim, da minha companhia, ajuda ou simplesmente de uma palavra amiga. Não tenho vergonha de afirmar – e, aliás, me orgulho disso – que preciso das pessoas que me rodeiam e que eu amo. Sem elas eu não seria ninguém, seria triste e infeliz. Necessito de carinho e atenção como qualquer pessoa.

Fico feliz em conversar com pessoas com quem não falo há tempo, em reencontrar amigos, em cultivar as relações mais próximas. Sentar com elas e jogar conversa fora, perceber as afinidades e diferenças, falar besteiras, rir, chorar e pedir um conselho.

Hoje posso dizer que ganhei meu dia simplesmente por falar com uma amiga no telefone que não falava há algum tempo e perceber que a deixei feliz, que liguei em um momento que ela precisava conversar e que eu reforcei que ela poderia contar comigo para qualquer situação. Sim, ganhei meu dia. É maravilhosa essa sensação. Sei também que quando precisar de um amigo a terei por perto.

A vida passa e o que fazemos por ela? O que fazemos pelos outros? O que fazemos por nós mesmos:? Como podemos nos tornar pessoas melhores? E o que restará disso tudo? Viver em um mundo egoísta, isolado de tudo e de todos, pode parecer mais fácil, mas não traz felicidade.