quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O individualismo é mais fácil

O que é mais fácil: viver sozinho e isolado ou viver cercado por pessoas diferentes, convivendo com estilos e formas de pensar conflitantes o tempo todo? Não me resta dúvida de que o mais “fácil” é viver sozinho, sem ninguém para nos incomodar, aborrecer ou contrariar. Não dar satisfações a ninguém, não ter que trabalhar em grupo, discutir com os outros. Ter autonomia total, ser dono do próprio nariz, tomar decisões sem consultar ninguém. Uma vida tranqüila e sem sobressaltos - dependendo apenas de nós mesmos. Aparentemente, tudo muito cômodo e prático.

A questão é... Será que vale a pena?

O ser humano precisa de outras pessoas para se realizar, para se estabelecer, tanto em termos pessoais, quanto profissionais, afetivos, familiares. Viver em um casulo, isolado de tudo e de todos, pode parecer tentador: um mundo em que não haveria pessoas intrusas, inconvenientes, arrogantes, mal educadas. Em compensação, não existiriam os amigos, as festas, os amores, as risadas, a diversão, a alegria.

Viver sem a companhia dos outros, sem uma troca constante, não nos desenvolve como seres humanos; não acrescenta nada em nossas vidas; não nos permite evoluir como pessoas e aprimorar nossas virtudes e qualidades. Sem união, companheirismo e amizade não fazemos nada, não somos nada.

E quando digo nada, é nada mesmo. Sozinhos não somos capazes de atingir objetivos, sonhos e metas. Unidos vamos mais longe, vamos além. Com outra pessoa nos apoiando, o maior dos planos, a idéia mais inusitada, o ideal mais inatingível torna-se realidade. Duas pessoas unidas são mais fortes que duas pessoas sozinhas. Duas pessoas juntas têm a força e a energia superiores a de dez pessoas sozinhas.

Desde a época do colégio lembro que a turma não gostava de fazer trabalho em grupo. Um integrante acabava sempre pegando todo trabalho para si e esquecendo dos colegas, não deixando os outros participarem – seja por medo de que eles não fossem ajudar, seja por desinteresse ou mesmo por acomodação dos demais componentes.

Com o tempo aprendi a importância de um trabalho em grupo. Trata-se de um desafio nada fácil. Exige paciência (e muita), jogo de cintura e mente aberta para ouvir e aceitar novas opiniões (mesmo sem necessariamente concordar com elas). Trabalho em grupo é uma negociação constante. Quando falo em trabalho me remeto à convivência social de uma forma mais ampla. Pode ser em um ambiente empresarial, pode ser na família, em um curso, em sala de aula, em um condomínio, em uma associação, em um clube, em qualquer lugar.

Conviver com pessoas é imensamente difícil. Mas traz recompensas maravilhosas. Conversar, discutir, expor as idéias ajuda a organizar o raciocínio, nos fortalece, amplia nossas perspectivas de mundo e de futuro a partir da troca de experiências. Trabalhando com outras pessoas nós produzimos mais e melhor.

Os conflitos são inevitáveis. Mas, ainda assim, vale a pena.

Muitos afirmam que podemos ser auto-suficientes, mas essa idéia não me convence. Eu preciso da família, dos amigos e de todos que estão próximos de mim. Sei também que muitas pessoas precisam de mim, da minha companhia, ajuda ou simplesmente de uma palavra amiga. Não tenho vergonha de afirmar – e, aliás, me orgulho disso – que preciso das pessoas que me rodeiam e que eu amo. Sem elas eu não seria ninguém, seria triste e infeliz. Necessito de carinho e atenção como qualquer pessoa.

Fico feliz em conversar com pessoas com quem não falo há tempo, em reencontrar amigos, em cultivar as relações mais próximas. Sentar com elas e jogar conversa fora, perceber as afinidades e diferenças, falar besteiras, rir, chorar e pedir um conselho.

Hoje posso dizer que ganhei meu dia simplesmente por falar com uma amiga no telefone que não falava há algum tempo e perceber que a deixei feliz, que liguei em um momento que ela precisava conversar e que eu reforcei que ela poderia contar comigo para qualquer situação. Sim, ganhei meu dia. É maravilhosa essa sensação. Sei também que quando precisar de um amigo a terei por perto.

A vida passa e o que fazemos por ela? O que fazemos pelos outros? O que fazemos por nós mesmos:? Como podemos nos tornar pessoas melhores? E o que restará disso tudo? Viver em um mundo egoísta, isolado de tudo e de todos, pode parecer mais fácil, mas não traz felicidade.

4 comentários:

Karen Franke disse...

Talvez por pensarmos parecido, talvez por te admirar e te conhecer desde a mais tenra idade, talvez! Mas uma certeza: contar contigo e com outras pessoas que conheci através de ti me fez crer que o convívio e o cultivo de uma amizade vale a pena! E se, por acaso, pensarmos que aquela amizade de anos, muitas vezes, está esquecida, corra atrás, pois sentimentos plantados não são efêmeros, ao contrário, do isolamento tal como o individualismo, que se não mata diariamente, pode vir a matar um dia. Substitua o seu "eu" por um "nós" - os resultados serão grandiosos.

Beto Canales disse...

interessante.

lu castilhos disse...

Sempre é mais fácil estar sozinho. Mais cômodo. Eu ainda preciso aprender a me arriscar mais :0 Tem horas que sou uma barreira de pessoa...
Enfim, coisas que temos que aprender na vida.
Beijo grande!

Sweet September disse...

Legal este texto Mari. Realmente, viver sozinho é mais fácil, mas não é mais agradável. Bjs