sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A guerra no trânsito

fotos: Alexandre Nervo
texto: Mariana Baierle Soares

Em 2006 no RS foram registrados, segundo o Detran/RS, 33.528 feridos no trânsito e 1.224 mortos. Em 2007, foram mais 34.398 feridos e 1.185 mortos. No total, em 2006, foram 34.752 vítimas e, em 2007, outras 35.583. Em 2008, se as estatísticas continuarem nessa perspectiva, serão 36 mil vítimas do trânsito ou mais.

Estatísticas que chocam e preocupam. Não são apenas índices, valores, números. Traram-se de famílias e lares destruídos, vidas que se vão - Vítimas da imprudência, da irresponsabilidade e da negligência.

O trânsito em Porto Alegre está cada vez mais caótico. Não chega nem perto – ainda bem - do caos de grandes centros, como Rio e São Paulo. Mas percebo que, de alguns anos para cá, os engarrafamentos não têm mais local nem hora para acontecer. Não são somente nos horários de pico e dias de chuva que a cidade fica intransitável. O horário de pico é constante. Tornou-se comum os congestionamentos às três horas da tarde em grandes e pequenas ruas de qualquer bairro.

Conforme o Detran/RS, em 1997 a frota de veículos em circulação no RS era de 2.619.719. Em 2007, este número é de 3.855.215.
Mas não é só o grande fluxo de veículos que traz complicações. A falta de sinalização, o desrespeito de motoristas e pedestres e os problemas estruturais da cidade contribuem da mesma maneira para os problemas de trânsito.
Caminho corriqueiramente pela região próximo ao parque da Redenção e imediações da avenida Oswaldo Aranha. Como pedestre, percebo as dificuldades trazidas pela ausência de uma faixa de segurança em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) no sentido bairro-centro. O asfalto foi recapeado recentemente (ano de eleições, é claro), e a faixa de segurança simplesmente não foi pintada novamente. Os pedestres atravessam na sinaleira sobre uma faixa imaginária, disputando seu espaço com os carros - que não possuem uma indicação de onde exatamente devem parar.

No mesmo ponto, em frente ao HPS, mas no corredor de ônibus (localizado no canteiro central da avenida), a faixa de segurança praticamente não existe mais. Digo “praticamente” porque, ali, o asfalto não foi recapeado, contudo, com o desgaste do tempo, ela desapareceu quase totalmente. Os pedestres atravessam sobre os resquícios de algo que um dia foi uma faixa de segurança e que, no passado, deve ter chamado a atenção dos ônibus e pedestres que circulam no local. Hoje sobraram apenas de resquícios da tinta branca no chão.


A ausência de faixa, ou mesmo a pintura desgastada, dificultam a circulação na cidade, aumentando os riscos de acidentes. Pessoas com alguma deficiência visual, por exemplo, não enxergam uma faixa quase desaparecida, totalmente desbotada no asfalto. Motoristas desatentos tampouco perceberiam aquela faixa. Uma faixa mal pintada perde sua função, torna-se inútil.

Assim como a faixa da foto, tantas outras em Porto Alegre estão nas mesmas condições, prestes a sucumbirem completamente.

Porém de nada adiantará uma sinalização impecável, vias asfaltadas, duplicadas e todas as condições para um trânsito que flua normalmente e com segurança se não contarmos com a colaboração, a educação, a consciência e o bom senso de todos. Eucação deveria ser a palavra-chave no trânsito. Para que serva uma faixa de segurança pintada adequadamente e uma sinaleira nos locais de maior movimento se, ainda assim, há pedestres que insistem em atravessar no sinal verde para os carros?


De nada adianta, da mesma forma, uma faixa de segurança se os carros não param para os pedestres quando não há uma sinaleira. O respeito deve ser mútuo, por parte de motoristas e pedestres.

E nós, como cidadãos, o que faremos em prol dessa causa? Aguardaremos de braços cruzados as próximas estatísticas do Detran apontando 36 mil (entre feridos e mortos) em todo o Estado até o final deste ano? Quantos serão até o momento, ainda em setembro? E no Brasil todo, quantos serão? E no mundo?

E você, o que faz? Qual sua parcela de culpa nessa realidade?

4 comentários:

Karen Franke disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Karen Franke disse...

Pelo título ilustrado já é possível nos questionarmos,"guerra", no trânsito?! Enquanto pedagoga me pergunto, muitas vezes,quando, ensinamos, ou mesmo, resgatamos,nas escolas,as ditas regras e comportamentos sobre o trânsito a nossas crianças, saberão elas o que encontrarão lá fora? Ou aprenderão elas com seus pais acelerando intensamente quando a cor que impera aos carros é o vermelho? Talvez, elas saibam, talvez elas venham a conhecer de perto, não o vermelho que deveria fazer com que os carros parassem, ensinado pela professora em sua sala de aula, mas o vermelho de sangue que seu pai, imprudentemente, atropelou, talvez um idoso(a) ou até mesmo uma criança de sua idade. Pense, reflita!
Karen Franke

Beto Canales disse...

Muito bem dito Karen.

Legal o blog, Mariana.

Unknown disse...

O trânsito é o reflexo da sociedade.
As pessoas correm sem saber ao certo onde querem ir.
Ninguém se importa com o outro. Mata-se por qualquer motivo.
Quando a agressividade e a indiferença deixam de ser distúrbios e tornam-se perfis dominantes, nem mesmo a lei é capaz de disciplinar.
Ihhh..Mari...falar de trânsito é mexer em um vespeiro!!!