sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pensamento do dia

Um sorriso não é apenas um sorriso
Um olhar não é apenas um simples olhar
Um beijo jamais será apenas um beijo
Uma lágrima não é só uma lágrima
Um amor não é somente um amor
Uma amizade não é uma mera amizade
A vida é mais do que tudo que eu possa descrever...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A melhor espera do mundo

Esperar é difícil, principalmente pra mim que sou uma pessoa ansiosa. Contudo, existem momentos em que uma espera pode se transformar em algo extremamente prazeroso. Um exemplo disso é quando esperamos muito por uma festa, por um encontro, por um acontecimento especial.

Uma festa que eu espere muito me deixa feliz desde segunda-feira, ainda que ela só ocorra realmente no sábado. O mesmo ocorre com algo legal que vá acontecer em nossas vidas em algumas semanas ou meses. No momento estou imensamente feliz aguardando minhas férias, algo que nem chegou ainda, mas que, com tempos de antecedência, já me deixam entusiasmada pelo simples fato de eu saber que elas estão se aproximando. Um passeio legal, conhecer lugares diferentes e uma companhia maravilhosa. O que mais eu posso querer?

As festas de formatura dos amigos são eventos que também me deixam feliz simplesmente pelo fato deles estarem chegando, pois foram anunciados com bastante antecedência. O simples fato de pensar nisso me deixa feliz. Adoro formatura, rever amigos, festejar, beber, dançar, jogar conversa fora...

Outra situação que me deixa animada antes mesmo no fato ocorrer é quando várias mulheres se juntam para se arrumar para uma festa, uma formatura ou uma saída que planejaram. Os momentos que antecedem a ocasião geralmente são os melhores, os mais divertidos e animados que a própria festa em si. É quando falamos bobagens, nos arrumamos, nos enfeitamos, damos palpites umas para as outras, nos sentimos lindas, maravilhosas e poderosas para, finalmente, enfrentar a festa. Sim, digo “enfrentar” a festa porque a maioria das vezes ela nem é tão boa assim – lugares lotados, intransitáveis, ambientes abafados, com cheiro de cigarro, som alto, onde não conseguimos nem conversar direito.

O bom é curtir os momentos de confraternização que a situação proporciona. A festa se torna apenas uma desculpa, um motivo para reunir as amigas, jogar conversa fora. Esperar por aquilo é quase um ritual - toma uma cerveja, falar bobagem, nos divertir em casa mesmo. A festa, no fim das contas, seria até dispensável.

As comemorações de Natal e Ano Novo, sempre antecedidas pelo meu aniversário em novembro, marcam um período muito aguardado por mim durante o ano todo. Fico entusiasmada simplesmente pelo Natal estar chegando, por já ser na semana que vem. A espera pelo amigo secreto do meu grupo de melhores amigos foi outra ocasião muito importante para mim que sempre ocorre nessa época. O encontro me deixou feliz desde o dia em que foi marcado até o dia em que ele finalmente aconteceu. Uma ansiedade boa, positiva, que não me faz mal, que me motiva.

São muitos os momentos que esse tipo de sentimento se manifesta em mim. São muitas as situações que me trazem esperas prazerosas e excitantes. Hoje penso no Natal, nas minhas férias e na minha viagem que se aproxima. A vida é feita de ciclos: mais um ano encerrando e outro surgindo. Uma espera maravilhosa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estou de volta!!!!

Estive um tempo afastada do blog. Não sei se muitas pessoas perceberam, mas o que importa não é a quantidade de pessoas que notaram. As que notaram são poucas, mas são as que realmente importam. Essas, sim, perceberam e me cobraram o porquê dessa falta de atualizações por mais de um mês. São justamente essas pessoas que me deram força e estimulo para retornar a escrever.

Isso reflete bastante a minha personalidade: na minha vida, nunca fui uma pessoa muito popular. Sempre tive poucos amigos, porém verdadeiros, bem selecionados e especiais. São essas as pessoas que sentiram falta de minhas palavras nesse espaço. É a elas que dedico o meu retorno ao blog e o meu carinho especial.

Durante esse tempo eu não esqueci do blog, eu não desapareci. Digamos que me perdi na correria de final de ano, nas preocupações diversas do dia-a-dia, que fazem parte da vida. Mas eu não podia deixar chegar o final do ano, vir o Natal, as festas, o Reveillon e não postar nada.

Aproveito a ocasião para falar, então, sobre meus desejos para o próximo ano. Não vou tratar, contudo, de desejos materiais. Eu teria, obviamente, muitos desejos de coisas que eu gostaria de ter em 2009. Não digo que esses bens não sejam importantes, mas não é a eles que me refiro agora. Dedico meu pensamento justamente às coisas que não têm valor estimado em dinheiro, que não podem ser compradas em uma loja, em um shopping ou adquiridas com um cartão de crédito. Me refiro a valores que não seriam facilmente obtidos com dinheiro, mesmo que eu tivesse ganhado na loteria e tivesse todo dinheiro do mundo.

Para o próximo ano eu espero uma coisa com todas as minhas forças: espero que essas mesmas pessoas especiais e maravilhosas estejam ao meu lado. Quero continuar com a minha família, os meus amigos, o meu amor e as pessoas queridas que fazem parte da minha vida ao meu lado. A vida, alias, é uma só.

O que você faria se soubesse que sua vida iria acabar em uma semana? Não gosto de pensar nisso, o certo é que um dia todos se vão. Mas essa é apenas uma forma de refletirmos sobre as coisas que muitas vezes gostaríamos de fazer “um dia” e acabamos deixamos para depois, para depois e nunca executamos, por falta de tempo, de determinação ou por circunstancias adversas.

Quero colocar meus planos em prática em 2009. Quero fazer tudo que sempre tive vontade de fazer. Quero viajar. Quero amar. Quero viver intensamente. Quero continuar sonhando, mas tendo os pés no chão sempre que preciso. Quero, acima de tudo, continuar tendo as pessoas maravilhosas que se preocupam comigo (e com meu blog quando não o atualizo) ao meu lado. São elas minha maior motivação, minha alegria e razão de viver.

domingo, 2 de novembro de 2008

Inscrições para curso dirigido a jornalistas abrem essa segunda-feira

De 03 a 07/11, estarão abertas as inscrições para a 1ª edição do curso “Judiciário para Jornalistas”, que será promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado. As aulas serão ministradas nos dias 18 e 25/11, das 8h30min às 12h, na sala 615 do prédio do Tribunal de Justiça (Av. Borges de Medeiros, 1565, em Porto Alegre).

Inscrições
As inscrições são gratuitas e devem ser efetuadas pelo e-mail treinamento@tj.rs.gov.br, informando-se o nome completo do participante, o número do registro profissional ou a faculdade em que concluiu o curso, RG e CPF, telefone e e-mail para contato. No momento do credenciamento, deverá ser apresentado documento que comprove a formação profissional.

As vagas são limitadas. Ao final dos dois encontros, será fornecido certificado de participação.

A iniciativa, do Conselho de Relações Institucionais e Comunicação Social do TJ, busca auxiliar os jornalistas na cobertura diária de questões relacionadas ao Poder Judiciário. As decisões judiciais estão cada vez mais estão presentes em todas as editorias - desde política, passando por economia, cultura, polícia até esportes - e chegam às redações acompanhadas de vários termos jurídicos: agravo, tutela antecipada, decisão monocrática, despacho, parecer..., que o curso se propõe a esclarecer, assim como outras questões realcionadas à estrutura e funcionamento do Poder Judiciário.

Programação completa no link:
http://www.tj.rs.gov.br/site_php/noticias/mostranoticia.php?assunto=1&categoria=1&item=73333

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Amiga ou inimiga do tempo?

Sofro por antecipação. Sou muito ansiosa. Sofro por não saber esperar. Me preocupo demais com tudo. Me precipito. Quero resolver os problemas todos pra ontem, antes mesmo que eles aconteçam. Já imagino as diversas situações e possibilidades caso as coisas dêem errado e não ocorram dentro do esperado. Sou precavida em excesso.

Sei que esse comportamento não leva a nada. Todas as vezes que me estressei demais com algo, depois percebi que estava exagerando e que o estresse era desnecessário, que não me levou a nada.

Quando me perguntam uma qualidade e um defeito meu, sempre sou muito honesta. Qualidade, digo que sou bastante determinada, persistente, batalhadora, esforçada. Defeito, sou ansiosa, não tenho paciência, não sei esperar, sofro de véspera.

Uma sala de espera de um consultório é uma tortura. Brinco que é um exercício de paciência. O mesmo ocorre com uma fila de banco, fila de supermercado, quando estou atrasada para algum compromisso, quando aguardo muito uma pessoa que se atrasa (geralmente os outros me deixam esperando, dificilmente me atraso).

Esperar por algo que desejo muito também me deixa ansiosa, aflita, nervosa, impaciente. Os dias, os minutos, os meses (quando você quer que eles passem rápido) demoram uma eternidade. Os ponteiros do relógio se arrastam.

O tempo nunca foi meu aliado. Quando estou atrasada, o tempo voa. Quando quero que passe rápido, o relógio pára e os minutos congelam no mesmo ponto.

Não é fácil falar sobre esse que é um “defeito” meu de forma tão aberta. Na verdade, não quero chamar de defeito, mas de um traço da minha personalidade. Algo que eu carrego comigo, que faz parte de mim e não vai mudar assim tão facilmente.

Trata-se de uma característica que, em determinada situações, pode se caracterizar como uma qualidade. Quando estou insatisfeita, triste ou aborrecida com algo. O fato de eu ser ansiosa me leva a tomar logo uma atitude para contornar a situação. Gosto de resolver as coisas no momento em que elas precisam ser resolvidas, não deixo para depois, não gosto de guardar para mim as coisas que me incomodam, gosto de compartilhá-las com outros e, de preferência, dar um jeito de resolvê-las rapidamente. O tempo urge!

O que eu preciso realmente é lidar com o fato de eu ser uma pessoa ansiosa, aprender a me controlar, me conhecer cada vez melhor e saber o que fazer para que essa particularidade não se torne um problema na minha vida. Tenho que aprender a usar essa característica a meu favor, em prol de coisas boas e não deixar que ela atrapalhe meu dia-a-dia.

Na verdade, nunca senti que a ansiedade tenha me prejudicado em uma prova, uma apresentação de trabalho, uma entrevista, uma reunião importante. Nesses momentos gerencio bem minhas emoções, provavelmente por se tratarem de situações formais, ligadas ao campo profissional - situações que não dizem respeito a mim como indivíduo em minha vida particular.

Em momentos da minha intimidade, que não representam situações formais, a ansiedade e a falta de paciência tomam conta de mim. São ocasiões em que não tenho cobranças externas, apenas internas, cobranças feitas por mim mesma – seja quanto a um emprego, a uma boa colocação no mercado, a uma viagem, um passeio, uma festa ou algo que queira fazer. São essas, sim, as piores cobranças, as mais rígidas e severas. As maiores repreensões que recebo são as minhas próprias.

Mesmo quando as coisas dependem exclusivamente de mim, podem não dar certo. E isso aumenta a minha frustração comigo mesma. Me sinto insatisfeita, decepcionada, desapontada profundamente. Irritada, magoada. Talvez por muitas vezes não atingir – imediatamente - todas as minhas ambições, visto que a médio prazo geralmente consigo atingir meus objetivos. O maior problema é quando não os alcanço no instante presente.

Quando as coisas dão errado e a responsável por isso sou eu mesma, não tenho sequer em quem depositar a “culpa”.

Todos estão sujeitos a falhas e imprevistos. Sequer tenho o controle absoluto que julgava (e gostaria de ter) sobre minha própria vida. As coisas não acontecem exatamente da forma que imagino. Pior de tudo é esperar que o comportamento dos outros seja da forma como eu gostaria que fosse. Nem mesmo o meu comportamento é da forma que eu imagino que deveria ser.

Agora percebo que muitas vezes coloco uma expectativa excessiva nos outros. Quando coloco expectativa somente em mim mesma ainda assim me frustro - quem dirá quando as coisas não dependem só de mim.

Esperar demais dos outros é um grande erro, visto que às vezes não posso atender nem as minhas próprias expectativas, reivindicações internas e anseios.

As pessoas estão sujeitas às suas subjetividades, assim como eu estou sujeita às minhas. Além das considerações e variações interiores, as influências do meio e do contexto em que vivem também interferem em seu comportamento.

Eu diria que estou aprendendo a me relacionar com o relógio, com o tempo, comigo mesma, com a vida. Nem tão rápido, nem tão devagar... Um desafio constante!

domingo, 26 de outubro de 2008

Livros para download gratuitos

No link http://www.dominiopublico.gov.br/ é possível fazer download gratuito de muitas obras maravilhosas de literatura. Entre os destaques estão Machado de Assis, Fernando Pessoa, literatura infantil, poesias, Shakeaspeare, além de obras sobre educação, vídeos e músicas eruditas, entre outros. Vale a pena conferir!!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Fique por dentro

Curso gratuito "Mídia, controle e democracia" começa no dia 27

Estão abertas as inscrições para "Mídia, controle e democracia - curso de análise crítica das indústrias culturais", gratuito e com certificado reconhecido pela Unisinos. As aulas vão de 27 a 31 de outubro, das 19h às 21h30min, na sede do Sindicato dos Técnicos do Tesouro do Estado do RS - rua dos Andradas, 1234, 21º andar, em Porto Alegre. Entre os temas abordados, Comunicação, Capitalismo e Políticas Públicas, Digitalização das Comunicações e A proposta de um modelo de comunicação democrática, entre outros, com especialistas do RS, de SP e de Moçambique. Para se inscrever, basta enviar email para abraco@abracors.org.br, com nome completo, CPF, RG, profissão e endereço.

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Jornalistas autografam livro sobre rádio porto-alegrense

Acontece no dia 11 de novembro, às 20h30min, na Praça da Alfândega, a sessão de autógrafos da obra A história do rádio porto-alegrense contada por quem a fez, de Andreia Athaydes e Sergio Stosch. Na mesma data, antecipando o lançamento, às 18h, na Sala Leste do Santander Cultural, os autores, juntamente com o presidente da ARI, Ercy Torma, recebem convidados especiais, que participaram do livro contando curiosidades e experiências enquanto profissionais do rádio. Ambos os eventos ocorrem durante a 54ª Feira do Livro de Porto Alegre, com entrada franca.

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Sarau - Cecília Meireles

A Biblioteca Pública do Estado realiza mensalmente uma atividade do projeto "Sarau com ritmo - o autor é o tema". Esta edição será sobre a autora Cecilia Meireles. Com breve apresentação do autor, leitura de trechos da obra e música, e exposição de obras disponíveis na Biblioteca Pública.

* Promoção: Editora Revolução Cultural, Biblioteca Pública do Estado, AABPE, Discoteca Pública Natho Henn.

Data: 13 de novembro
Horário: 19h às 20h30
Local: Casa de Cultura Mário Quintana - auditório Luis Cosme - 4° andar
Informações: (51) 3225-1124
Entrada franca

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Educação aos pedestres

Vejo absurdos no trânsito todos os dias. Na avenida Bento Gonçalves, por exemplo, uma pequena mureta separa o corredor de ônibus da pista dos carros. Seguidamente pessoas passam por cima da mureta, sendo que a avenida possui diversas sinaleiras e faixas de segurança, onde seria o local próprio para a travessia. No Centro da cidade, os pedestres simplesmente se jogam na frente dos carros em qualquer lugar para atravessar a rua.

Não são apenas os motoristas os responsáveis pelos problemas no trânsito na cidade. Num simples trajeto da minha casa até o trabalho percebo absurdos como esses diariamente cometidos por pessoas que caminham pelas ruas da cidade. São pedestres que, se eu pudesse, os multava e os guinchava, como se faz a um motorista infrator.

São indivíduos inconseqüentes que colocam em risco a sua vida e a de outras pessoas. Não têm respeito e amor pela própria vida e, muito menos, pela vida do próximo. Se colocam em situações de risco extremo.

Muitos acidentes são causados por pedestres que atravessar a rua fora de uma sinaleira apenas para não caminharem dez passos a mais. Outros atravessam embaixo ou ao lado de uma passarela, como se ela não existisse e não estivesse ali exclusivamente para contribuir com sua própria segurança.

Um motorista que freie de repente ou desvie bruscamente de um pedestre que se arrisca em local impróprio pode colidir com outros veículos, ferindo e até matando inocentes.

Respeito, civilidade e cautela no trânsito dependem fundamentalmente da educação. O trânsito é o reflexo da sociedade e dos valores que a população possui. Um trânsito esculhambado e caótico revela pessoas sem educação, perturbadas psicologicamente, sem paciência, sem equilíbrio emocional. Solução? Sim, sempre acredito em soluções desde que haja vontade e determinação.

Investimentos nas crianças, adolescentes e jovens ajudariam a formar o tanto o motorista, como o pedestre – que da mesma forma possui papel fundamental no trânsito. Campanhas eficientes de segurança e conscientização contribuiriam com a reciclagem dos atuais motoristas e pedestres. Investimentos em infra-estrutura é outro requisito para solucionar a questão. Preocupação com o dia de hoje e o de amanhã, preocupação com o pedestre e com o motorista.

Educação de qualidade para TODOS é a solução para quase TODOS os problemas que enfrentamos hoje na sociedade.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Canção silenciosa

Meia-noite. Minha irmã toca teclado no apartamento. A essa hora, usa fones de ouvido. Em prédio, o horário de silêncio é lei.

Toca no quarto dela, ao lado do meu. Não incomoda os vizinhos. Não incomoda nossos pais. Incomoda apenas a mim. Não pelo barulho da música alta àquela hora, pois isso não ocorre. Ela me surpreende e me inquieta com o som seco das teclas que ecoa surdo pelo cômodo do apartamento.

Teclas apertadas com força, ora com mais intensidade, ora com menos, ora em ritmo frenético, ora calmamente.

O som seco das teclas que não produzem música – produzem um ruído seco – me instiga. Entro de mansinho. Ela não me olha. Não percebe minha presença. Continua a tocar. Dedilha notas sobre o conjunto de teclas. Agora em ritmo mais rápido.

Ela vive outra dimensão naquele instante. Uma dimensão que eu não alcanço porque não escuto o mesmo que ela escuta. A melodia daquelas notas não pode ser percebida por mim.

Só ela sabe o que está tocando nesse momento. Qual música especificamente? Qual melodia estaria produzindo e escutando através daqueles enormes fones, que lhe contornam a cabeça e lhe cobrem as orelhas?

Tocar com fones de ouvido é a forma mais egoísta do mundo de se produzir música. A música precisa se espalhar pelos ares, pelo ambiente, precisa ser admirada e ouvida por todos – pela família, pelos vizinhos, pelos amigos, e por mim, é claro.

Eu estava ali. Ouvia o ruído surdo das teclas baterem, sem ter a menor idéia de o que ela tocava.

Ninguém percebe o som do choque mecânico dos dedos quando se toca da forma convencional, sem os fones.

O som que escuto dos dedos batendo no instrumento musical existe por trás de qualquer canção produzida por um teclado. É um som jamais ouvido por mim antes ou ao menos trata-se de algo que jamais prestara atenção.

Adentro completamente o quarto decidida a pedir para que ela tire os fones e toque um pouquinho para eu ouvir. Agora ela percebe minha presença, pára de tocar e me olha.

Quero ouvir um pouquinho, digo baixinho. Ela me olha desconfiada e faz menção de que vai tirar os fones. Não, não precisa, quero ouvir assim com os fones mesmo, respondo subitamente sem saber bem por quê.

Talvez os ruídos secos produzidos pelos dedos da minha irmã fossem o exato encanto daquela música. Eu imaginava através deles o que quisesse. Ela poderia estar tocando Bach, Beethoven, Vivaldi ou uma composição própria – não importava.

Sou grata a ela por tocar com aqueles fones. Se eu escutasse realmente a música, talvez aquele momento não fosse tão mágico e belo. Eu mesma compunha mentalmente a melodia que eu bem quisesse. Uma canção encantadora, que eu mesma criara...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Seminário debate Contracultura e a Indústria Cultural

O Seminário Internacional A Aventura da Modernidade chega ao fim nesse sábado, dia 4 de outubro. A partir das 9h, os professores Sergius Gonzaga e Antônio Hohlfeldt estarão no Instituto Cultural Brasileiro Norte Americano (Riachuelo, 1257, Porto Alegre) discutindo os fenômenos da contracultura e da indústria cultural.

O último encontro do Seminário organizado pela Coordenação do Livro e Literatura da SMC tem entrada franca. Outras informações através do fone (51) 3289.8072.

Programação do dia 4 de outubro:

A explosão da contracultura - Sergius Gonzaga (secretário de Cultura de Porto Alegre e professor de Literatura Brasileira da UFRGS)

O triunfo da indústria cultural - Antonio Hohlfeldt (Escritor, crítico teatral e professor de Comunicação Social da PUCRS).

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O individualismo é mais fácil

O que é mais fácil: viver sozinho e isolado ou viver cercado por pessoas diferentes, convivendo com estilos e formas de pensar conflitantes o tempo todo? Não me resta dúvida de que o mais “fácil” é viver sozinho, sem ninguém para nos incomodar, aborrecer ou contrariar. Não dar satisfações a ninguém, não ter que trabalhar em grupo, discutir com os outros. Ter autonomia total, ser dono do próprio nariz, tomar decisões sem consultar ninguém. Uma vida tranqüila e sem sobressaltos - dependendo apenas de nós mesmos. Aparentemente, tudo muito cômodo e prático.

A questão é... Será que vale a pena?

O ser humano precisa de outras pessoas para se realizar, para se estabelecer, tanto em termos pessoais, quanto profissionais, afetivos, familiares. Viver em um casulo, isolado de tudo e de todos, pode parecer tentador: um mundo em que não haveria pessoas intrusas, inconvenientes, arrogantes, mal educadas. Em compensação, não existiriam os amigos, as festas, os amores, as risadas, a diversão, a alegria.

Viver sem a companhia dos outros, sem uma troca constante, não nos desenvolve como seres humanos; não acrescenta nada em nossas vidas; não nos permite evoluir como pessoas e aprimorar nossas virtudes e qualidades. Sem união, companheirismo e amizade não fazemos nada, não somos nada.

E quando digo nada, é nada mesmo. Sozinhos não somos capazes de atingir objetivos, sonhos e metas. Unidos vamos mais longe, vamos além. Com outra pessoa nos apoiando, o maior dos planos, a idéia mais inusitada, o ideal mais inatingível torna-se realidade. Duas pessoas unidas são mais fortes que duas pessoas sozinhas. Duas pessoas juntas têm a força e a energia superiores a de dez pessoas sozinhas.

Desde a época do colégio lembro que a turma não gostava de fazer trabalho em grupo. Um integrante acabava sempre pegando todo trabalho para si e esquecendo dos colegas, não deixando os outros participarem – seja por medo de que eles não fossem ajudar, seja por desinteresse ou mesmo por acomodação dos demais componentes.

Com o tempo aprendi a importância de um trabalho em grupo. Trata-se de um desafio nada fácil. Exige paciência (e muita), jogo de cintura e mente aberta para ouvir e aceitar novas opiniões (mesmo sem necessariamente concordar com elas). Trabalho em grupo é uma negociação constante. Quando falo em trabalho me remeto à convivência social de uma forma mais ampla. Pode ser em um ambiente empresarial, pode ser na família, em um curso, em sala de aula, em um condomínio, em uma associação, em um clube, em qualquer lugar.

Conviver com pessoas é imensamente difícil. Mas traz recompensas maravilhosas. Conversar, discutir, expor as idéias ajuda a organizar o raciocínio, nos fortalece, amplia nossas perspectivas de mundo e de futuro a partir da troca de experiências. Trabalhando com outras pessoas nós produzimos mais e melhor.

Os conflitos são inevitáveis. Mas, ainda assim, vale a pena.

Muitos afirmam que podemos ser auto-suficientes, mas essa idéia não me convence. Eu preciso da família, dos amigos e de todos que estão próximos de mim. Sei também que muitas pessoas precisam de mim, da minha companhia, ajuda ou simplesmente de uma palavra amiga. Não tenho vergonha de afirmar – e, aliás, me orgulho disso – que preciso das pessoas que me rodeiam e que eu amo. Sem elas eu não seria ninguém, seria triste e infeliz. Necessito de carinho e atenção como qualquer pessoa.

Fico feliz em conversar com pessoas com quem não falo há tempo, em reencontrar amigos, em cultivar as relações mais próximas. Sentar com elas e jogar conversa fora, perceber as afinidades e diferenças, falar besteiras, rir, chorar e pedir um conselho.

Hoje posso dizer que ganhei meu dia simplesmente por falar com uma amiga no telefone que não falava há algum tempo e perceber que a deixei feliz, que liguei em um momento que ela precisava conversar e que eu reforcei que ela poderia contar comigo para qualquer situação. Sim, ganhei meu dia. É maravilhosa essa sensação. Sei também que quando precisar de um amigo a terei por perto.

A vida passa e o que fazemos por ela? O que fazemos pelos outros? O que fazemos por nós mesmos:? Como podemos nos tornar pessoas melhores? E o que restará disso tudo? Viver em um mundo egoísta, isolado de tudo e de todos, pode parecer mais fácil, mas não traz felicidade.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A guerra no trânsito

fotos: Alexandre Nervo
texto: Mariana Baierle Soares

Em 2006 no RS foram registrados, segundo o Detran/RS, 33.528 feridos no trânsito e 1.224 mortos. Em 2007, foram mais 34.398 feridos e 1.185 mortos. No total, em 2006, foram 34.752 vítimas e, em 2007, outras 35.583. Em 2008, se as estatísticas continuarem nessa perspectiva, serão 36 mil vítimas do trânsito ou mais.

Estatísticas que chocam e preocupam. Não são apenas índices, valores, números. Traram-se de famílias e lares destruídos, vidas que se vão - Vítimas da imprudência, da irresponsabilidade e da negligência.

O trânsito em Porto Alegre está cada vez mais caótico. Não chega nem perto – ainda bem - do caos de grandes centros, como Rio e São Paulo. Mas percebo que, de alguns anos para cá, os engarrafamentos não têm mais local nem hora para acontecer. Não são somente nos horários de pico e dias de chuva que a cidade fica intransitável. O horário de pico é constante. Tornou-se comum os congestionamentos às três horas da tarde em grandes e pequenas ruas de qualquer bairro.

Conforme o Detran/RS, em 1997 a frota de veículos em circulação no RS era de 2.619.719. Em 2007, este número é de 3.855.215.
Mas não é só o grande fluxo de veículos que traz complicações. A falta de sinalização, o desrespeito de motoristas e pedestres e os problemas estruturais da cidade contribuem da mesma maneira para os problemas de trânsito.
Caminho corriqueiramente pela região próximo ao parque da Redenção e imediações da avenida Oswaldo Aranha. Como pedestre, percebo as dificuldades trazidas pela ausência de uma faixa de segurança em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) no sentido bairro-centro. O asfalto foi recapeado recentemente (ano de eleições, é claro), e a faixa de segurança simplesmente não foi pintada novamente. Os pedestres atravessam na sinaleira sobre uma faixa imaginária, disputando seu espaço com os carros - que não possuem uma indicação de onde exatamente devem parar.

No mesmo ponto, em frente ao HPS, mas no corredor de ônibus (localizado no canteiro central da avenida), a faixa de segurança praticamente não existe mais. Digo “praticamente” porque, ali, o asfalto não foi recapeado, contudo, com o desgaste do tempo, ela desapareceu quase totalmente. Os pedestres atravessam sobre os resquícios de algo que um dia foi uma faixa de segurança e que, no passado, deve ter chamado a atenção dos ônibus e pedestres que circulam no local. Hoje sobraram apenas de resquícios da tinta branca no chão.


A ausência de faixa, ou mesmo a pintura desgastada, dificultam a circulação na cidade, aumentando os riscos de acidentes. Pessoas com alguma deficiência visual, por exemplo, não enxergam uma faixa quase desaparecida, totalmente desbotada no asfalto. Motoristas desatentos tampouco perceberiam aquela faixa. Uma faixa mal pintada perde sua função, torna-se inútil.

Assim como a faixa da foto, tantas outras em Porto Alegre estão nas mesmas condições, prestes a sucumbirem completamente.

Porém de nada adiantará uma sinalização impecável, vias asfaltadas, duplicadas e todas as condições para um trânsito que flua normalmente e com segurança se não contarmos com a colaboração, a educação, a consciência e o bom senso de todos. Eucação deveria ser a palavra-chave no trânsito. Para que serva uma faixa de segurança pintada adequadamente e uma sinaleira nos locais de maior movimento se, ainda assim, há pedestres que insistem em atravessar no sinal verde para os carros?


De nada adianta, da mesma forma, uma faixa de segurança se os carros não param para os pedestres quando não há uma sinaleira. O respeito deve ser mútuo, por parte de motoristas e pedestres.

E nós, como cidadãos, o que faremos em prol dessa causa? Aguardaremos de braços cruzados as próximas estatísticas do Detran apontando 36 mil (entre feridos e mortos) em todo o Estado até o final deste ano? Quantos serão até o momento, ainda em setembro? E no Brasil todo, quantos serão? E no mundo?

E você, o que faz? Qual sua parcela de culpa nessa realidade?

VII Feira de troca de livros de Porto Alegre no Parque da Redenção

Quem não gostaria de trocar os livros que não interessam por outros e reciclar sua leitura sem nenhum custo? Esta é a proposta da Feira de Troca de Livros de Porto Alegre, que acontece no dia 28 de setembro (domingo) junto ao Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha, das 10 às 17 horas.

A Feira organizada pela Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães chega a sua sétima edição com a participação de 16 bibliotecas que levarão ao parque livros para trocar com a população. Qualquer pessoa pode chegar em um dos stands e trocar seus livros por outros de seu interesse. A única condição é que os livros estejam em bom estado.

Nas edições anteriores, a média de público chegou a dez mil pessoas. A Feira de Troca de Livros de Porto Alegre surgiu com a intenção de divulgar as bibliotecas existentes e dar aproveitamento aos livros usados ou excedentes.

Outras informações podem ser obtidas através do telefone 3289.8079

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O fim do Modernismo e a Era do Rádio

Seminário A Aventura da Modernidade abordará “O fim do Modernismo e a Era do Rádio”

Dia: 27/09 (próximo sábado)

Local: Instituto Cultural Brasileiro Norte Americano (Riachuelo, 1257 – Porto Alegre

Hora: 9 horas

Palestrantes: Juremir Machado da Silva e Luis Carlos Saroldi

Entrada franca

Outras informações: (51) 3289 8072

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dica de palestra

Infelizmente não poderei assistir essa palestra que ocorre amanhã e parece bem interessante. É bem no meu horário de trabalho, mas vale a sugestão para quem se interessar.


O ciclo de palestras Cultura Livre segue discutindo a obra de Machado de Assis. Na próxima quarta-feira, dia 24 de setembro, os professores Antônio Sanseverino (dr. em literatura, prof. da UFRGS) e Eduardo Wolf (Leonardo da Vinci) farão a conferência "Machado de Assis: ensaiando seus romances?". Professores da UFRGS, críticos, psicanalistas e escritores analisarão as mais variadas questões sobre os grandes livros do bruxo do Cosme Velho.

O evento gratuito inicia às 19 horas na Biblioteca Josué Guimarães do Centro Municipal de Cultura(Av. Erico Veríssimo, 307, Porto Alegre) com organização pela Coordenação o Livro e Literatura da SMC. Outras informações podem ser obtidas através do fone (51) 3289.8070.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Janela da Alma





Semana passada assisti Janela da Alma. Um documentário FANTÁSTICO. O mote do filme são pessoas com problemas de visão, o que elas são capazes de enxergar ou não, como elas vêem o mundo e como percebem as coisas ao seu redor. Sob direção de João Jardim e Walter Carvalho, o documentário não se restringe a uma análise física e simples da visão. Tampouco limita-se a classificar o ser humano como alguém que é ou não capaz de enxergar. A visão é abordada em uma dimensão muito maior. São trazidos depoimentos de 19 pessoas com alguma dificuldade visual, desde a miopia leve até a cegueira total.

Mais do que simplesmente nos permitir enxergar alguma coisa, a visão é tematizada como a forma como somos capazes de perceber o mundo e nos relacionar com ele.

Um dos depoimentos é o do cineasta Wim Wenders que conta que gosta de usar óculos. Ele está acostumado a ver o mundo através das lentes dos óculos. Não gosta de lentes de contato. Prefere o enquadramento dos óculos, pois eles lhe permitem focar, observar as coisas com mais detalhes, com mais precisão, ver tudo mais devagar. Ao retirar os óculos Wenders descreve que não sabe para onde olhar, percebe que seu campo de visão fica amplo demais. Sente-se um tanto perdido por não saber para onde olhar; não tem o enquadramento dos óculos para lhe orientar em que direção olhar, o que observar, a que se ater.

Outro depoimento interessante é o da filha de Arnaldo Godoy, então vereador de Belo Horizonte, que já era cego quando Madalena nasceu. Ele tinha retinose pigmentar, uma doença que pode levar à cegueira ao longo da vida. O pai sempre foi o seu maior orgulho. Ela o levava muitas vezes quando pequena na escola para apresentá-lo aos colegas, para que eles vissem que seu pai, realmente, não enxergava nada e, mesmo assim, tinha uma vida normal. Era um motivo de orgulho para as filhas e para todos.

Um dos trechos mais emocionantes é o de Arnaldo contando que, mesmo tendo ficado cego aos 18 anos, isso nunca foi um empecilho ou algo que atrapalhasse de verdade sua vida. Ele não deixou de andar pela cidade, casar, trabalhar, ter filhos e ser feliz. No início foi difícil assumir e aceitar a cegueira, mas teve de aceitar e aprender a conviver com ela. A alternativa é aceitar e tocar a vida. O que não tem solução, solucionado está, lembrando o velho ditado. Evidentemente não é nada fácil. Foi preciso apoio da família, dos amigos e, principalmente, um bom equilíbrio emocional e psicológico. Um exemplo de superação e perseverança.

Arnaldo aparece no banco de traseiro de um carro indicando para o motorista o caminho a seguir. O motorista, impressionado, pergunta como ele se localiza tão bem na cidade. Ele explica que presta atenção em referências que geralmente as pessoas não atentam como, por exemplo, o tipo de calçamento das ruas, as subidas e descidas, as curvas e retas, os sons da cidade, o barulho dos carros etc.

Mais adiante, o músico Hermeto Pascoal, com um problema sério de visão, diz algo que me marcou muito. Ele conta histórias relacionadas à sua deficiência, relata que enxerga muito pouco com os dois olhos. Mas, para ele, a verdadeira visão não é aquela convencional, que as pessoas estão acostumadas a atribuir aos olhos e ao que eles lhes permitem ver.

A verdadeira visão, segundo Pascoal, é a visão que vem da alma. É a nossa própria percepção do mundo. Ele diz que o olho que mais enxerga é o olho da alma – e aponta para sua testa, como seu terceiro olho. Afirma que é a partir dali que as pessoas enxergam verdadeiramente as coisas que importam em suas vidas.

Para completar – o que me deixou mais tocada ainda -, p músico pede todos os dias que Deus lhe proporcione que, em algum momento de sua vida, fique cego. Para os outros, cego. Para ele, é o que define como “cego aparente”. Busca essa situação para que possa perceber o mundo apenas com os olhos da mente, com os olhos da alma. Estes sim, os verdadeiros olhos do ser humano. Os olhos da alma são aqueles que sentem, que têm sentimentos, que têm sensações intensas.

A visão tradicional leva as pessoas prestarem atenção em coisas desnecessárias, coisas que não lhes agregam nada. A visão faz as pessoas enxergarem apenas as coisas materiais, as coisas ruins, muitas tragédias, tristezas, maldades, violência. Os olhos da alma não enxergam coisas fúteis ou banais, eles enxergam a verdadeira essência das pessoas, as características e qualidades de cada um; enxergam o mundo de uma forma mais verdadeira.

Janela da Alma vale a pena ser assistido por todos; por quem enxerga bem, enxerga mal ou mesmo por quem não enxerga nada (ele não é centrado em ações ou imagens, mas nos depoimentos de pessoas paradas, portanto, podendo ser visto por pessoas cegas).

Um filme que nos leva à reflexão. Que sensibiliza. Que faz “vermos” o mundo de outra forma, sem importar de que maneira possamos enxergar este mundo no dia-a-dia. Uma pessoa com a visão perfeita muitas vezes não é capaz de perceber coisas fantásticas, como as que as pessoas do filme percebem. Um filme para ser lembrado pela vida inteira.


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Para quem se interessou pelo filme, abaixo seguem alguns links interessantes relacionados ao tema: Resenha do filme

Resenha

http://www.mnemocine.com.br/cinema/historiatextos/040802critica_janela.htm

Informações técnicas http://www.interfilmes.com/filme_13649_Janela.da.Alma-(Janela.da.Alma).html

Reportagem na Folha de São Paulo http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u25174.shtml

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Medo

O medo impera na nossa sociedade e toma conta da vida das pessoas. Não estamos mais seguros em lugar algum. Não podemos sair de casa. Não podemos voltar tarde porque podemos ser assaltados. Não podemos abrir o portão da garagem sossegados porque pode ter alguém a nossa espera para roubar o carro ou fazer algo pior. Não podemos deixar os filhos sozinhos em casa porque é perigoso. Não ficamos tranqüilos em deixá-los andarem na rua sozinhos porque é perigoso. Não podemos ter muitos cartões na bolsa. Não devemos andar com o talão de cheques inteiro na carteira, apenas com uma ou duas folhinhas, a quantidade que formos usar. Não podemos abrir e mexer na bolsa em locais públicos porque facilita a ação dos bandidos. Não podemos retirar dinheiro no caixa eletrônico depois de um certo horário porque é perigoso. Ao sairmos de casa para uma viagem, mesmo que seja somente um final de semana, quanto mais cadeados colocarmos na porta melhor. Se possível, acionamos alarme, cerca eletrônica e câmera de segurança.

Medo de sair de casa. Medo da violência. Medo do olhar do outro. Medo da repressão. Medo da exposição. Medo de viver.

A síndrome do medo e da insegurança se prolifera como uma doença de alto teor contagioso, transformando a vida em uma realidade artificial e superprotegida. A mente humana é dominada por neuroses, angústias, medo, pavor, desespero.

A sociedade está doente, trêmula, angustiada, insegura, impotente.

Mas se tivermos medo de tudo, deixando que esse medo generalizado tome conta de nossas vidas e consuma nossas mentes e energias, simplesmente não viveremos mais. Prisioneiros de nós mesmos. Deixaremos de viver, de sair de casa, de ir a uma festa, encontrar os amigos, caminhar no parque, viajar, trabalhar, ter filhos, nos divertir etc. Seremos os bandidos, os vilões, os verdadeiros assaltantes de nossas próprias vidas, de nossa própria personalidade. Passaremos a apenas subsistir. Sim, reféns em nossas casas, ou melhor, fortalezas. O problema não está no outro. Nós somos destruidores de nossas próprias vidas ao deixarmos o medo ser mais forte que nós.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dica de curso

Segue a sugestão de um curso que uma amiga irá ministrar. A Elaine é um amor de pessoa, além de uma excelente profissional. Vale a pena para o pessoal da área.


domingo, 14 de setembro de 2008

ENQUETE

Resolvi fazer uma enquete para saber, afinal, o as pessoas consideram felicidade. Fiz algumas entrevistas com a seguinte pergunta:

Para você, o que é felicidade?

Daniel Ávila - estudante universitário, 18 anos
"A felicidade não existe. A felicidade está nos pequenos momentos. Não existe uma felicidade plena. Nós nunca vamos ser sempre felizes".

Viviane Azeredo de Menezes – estudante universitária, 18 anos
“Não concordo com essa pergunta. Não é possível responder o que é felicidade. Querem padronizar esse conceito e determinar. por exemplo, que felicidade são as pequenas coisas. Existe toda uma construção de o que é felicidade: ser feliz é ter determinadas coisas, é ser certas coisas. Mas a pessoa escolhe o que é felicidade para ela”.

Paula Mortari – estudante universitária, 24 anos
“É passar um dia inteiro na praia, curtindo o sol, sem ter absolutamente nada pra fazer”.

Manoel Antônio Francisco – contramestre de obras, 48 anos
“Felicidade é estar de bem com a vida”.

Daniele Lanz - estudante universitária, 19 anos
“Felicidade pra mim é aproveitar cada dia da vida como se fosse o último. É fazer tudo que quiser, sem restrições, sem ter muitas regras. Pra mim, isso é ter felicidade. É aproveitar a vida”.

Leandro Helvinger – operador de estacionamento, 24 anos
“Felicidade é tudo que há de bom dentro de uma pessoa, o que a pessoa pode fazer com que as coisas se tornem mais fáceis e melhores no dia-a-dia de cada um. A felicidade, pra mim? Sem ela eu não vivo. Felicidade é uma forma de viver, de estar bem consigo mesmo. Caso contrário, não há nem porque viver. Uma pessoa que não é feliz, não vive, é infeliz, não tem vida”.

Sandra Rodrigues – advogada, 30 anos
“Felicidade pra mim é viver dignamente, de acordo com a minha própria vontade. Acho que o auge da felicidade da pessoa humana é quando ela consegue viver tendo seus direitos respeitados e quando ela tem trabalho”.


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A incrível busca pela felicidade

O que é felicidade? Uma pergunta como essa não é fácil de ser respondida. Talvez porque as pessoas não saibam a resposta mesmo, talvez porque não saibam se expressar ou talvez porque sejam infelizes mesmo e nunca souberam o que é, realmente, felicidade.

O mundo dá voltas e voltas. Os dias surgem, nasce o sol, o sol brilha e se põe. O ciclo diário do dia e da noite se repete incessantemente. Enquanto não houver uma destruição total do Planeta (devido à destruição do meio ambiente que o homem vem causando), o nascer de cada dia é uma das poucas certezas que a humanidade possui. Cabe às pessoas transformarem seus dias em momentos alegres ou tristes, produtivos ou improdutivos, entusiasmantes ou entediantes, felizes ou infelizes.

Cada dia feliz, cada realização, cada alegria é uma conquista. Não acredito que exista uma felicidade plena, um patamar de êxtase que possa ser alcançado em determinado momento da vida e que, dali para frente, o indivíduo se considere feliz pelo resto de seus tempos por ter atingido determinadas metas ou sonhos, que o transformariam em uma criatura, enfim, feliz.

Se felicidade fosse algo simples não haveria tanta gente deprimida. Não haveria tantos casos de suicídio, depressão, overdose, doenças psicológicas etc. Se felicidade fosse simples, as pessoas a comprariam nas esquinas, assim como fazem com as drogas, com o cigarro ou álcool. Ao invés de comprarem cocaína, pediriam “dois quilos de felicidade”, enrolada pra presente, de preferência.

A vida não é tão simples assim. Ou melhor, a busca pela felicidade é algo inquietante, é um mistério que a humanidade não consegue desvendar. Na verdade, essa tão sonhada felicidade é o que impulsiona as pessoas a projetarem seus sonhos, buscarem um futuro melhor, conquistarem seus objetivos.

Mas a felicidade é algo apenas para o futuro? É uma busca permanente? Será que não podemos ser felizes no momento presente na vida? Não poderíamos estar satisfeitos com a nossa rotina, com a realidade, com os bens afetivos e materiais que possuímos no momento – e não preocupados apenas com aquilo que queremos para o futuro?

Creio que acomodação, o conformismo não são aspectos positivos como característica intrínseca do indivíduo. Contudo, valorizar o momento presente, os aspectos positivos na nossa vida, dos fatos que permeiam a nossa rotina, as nossas atividades diárias é essencial para a realização pessoal.

As angústias e aflições qie trazemos conosco por algo melhor em nossas vidas são fatores que nos impulsionam muitas vezes a termos coragem, lutar por sonhos, por melhores colocações etc. Porém, se levadas ao extremo, essas inquietações com o presente e a busca por um futuro melhor podem trazer conseqüências graves, como a infelicidade, a tristeza, a depressão. A pessoa insatisfeita consigo mesma não aproveita e não valoriza a própria vida.

Ninguém poderá jamais atingir essa felicidade futura se não puder, antes disso, atingir a felicidade presente, valorizar os aspectos positivos da sua realidade. Valorizar as pequenas coisas boas da vida é fundamental para a felicidade.

A felicidade não é apenas um emprego fabuloso ou uma viagem internacional. A felicidade é feita, antes de tudo, por momentos cotidianos. A felicidade, para mim, evidentemente, passa por sonhos e ideais, sucesso profissional e pessoal, a constituição de uma família etc. Mas, antes disso, felicidade é a construção diária da minha existência. É fazer cada um dos meus dias valer a pena. Ter momentos bons em cada dia do ano. Fazer algo produtivo, fazer o bem, sorrir

É acordar e respirar fundo. É ouvir o canto dos passarinhos e me dar conta de que sou privilegiada por tê-los na janela do meu quarto. Felicidade, para mim, passa por valorizar um belo dia de sol que eu possa caminhar no parque. Felicidade é abraçar os pais, é ter o apoio da família. É dar um beijo apaixonado no namorado. É ter amigos para rir, conversar, falar bobagens e se divertir. Felicidade é ter saúde – algo que só valorizamos quando ficamos doente. Felicidade é nos darmos conta de todas as coisas belas que temos na vida. É valorizar um cartão, um telefonema, um amigo que lhe sorri.

Sim, também sonho em viajar pelo mundo, conhecer países, uma bela casa, ser uma escritora reconhecida, fazer um cruzeiro de navio pela Europa. Mas, imagine só, se eu viver infeliz todos os meus dias enquanto não fizer esse cruzeiro? Ou enquanto não tiver conhecido o mundo inteiro? Valorizo, portanto, o presente, as coisas boas e maravilhosas que estão ao meu alcance hoje, embora não deixe de buscar atingir meus sonhos e ambições para o futuro.

A felicidade para mim, nesse momento, foi escrever esse texto e poder compartilhá-lo com outras pessoas.

Dificuldades e desafios nas calçadas de Porto Alegre

rua Lucas de Oliveira, esquina com a
Felipe de Oliveira

foto: Alexandre Nervo
texto: Mariana Baierle Soares


Caminho e tropeço pelas ruas de Porto Alegre e percebo como as calçadas da cidade são mal conservadas, destruídas e corroídas pelo tempo, pelo abandono e, principalmente, pelo desleixo generalizado e pela falta de preocupação da população e das autoridades com o próximo. Como portadora de uma deficiência visual parcial, passo por obstáculos absurdos e desumanos, que não deveriam existir em uma cidade como Porto Alegre, que se diz – principalmente em ano de eleições - tão desenvolvida e preparada para o futuro. Será?!

São raízes de árvores que levantam as calçadas. São buracos deixados pela prefeitura por toda parte. São os próprios moradores que não conservam as calçadas em frente às suas casas e edifícios. São lajotas faltando. São as obras mal sinalizadas, que podem gerar acidentes sérios. São canteiros mal construídos. São passeios sem calçamento algum. Por toda parte, onde observarmos com um pouquinho de atenção que seja, encontramos boeiros com as tampas levantadas ou abertas. Além dos deficientes visuais, os cadeirantes são aqueles que mais sofrem com esse relaxamento que prepondera em todos os bairros e por toda parte.

As pessoas não imaginam que o simples fato de colocarem uma sacola de lixo ou entulhos de uma obra no meio da calçada possa dificultar imensamente a locomoção de uma pessoa com dificuldade visual ou de um cadeirante. As ruas não estão preparadas para os cadeirantes, para os deficientes visuais ou para portadores de deficiência de forma geral. Uma sacola de lixo ou uma pedra podem representar um grande risco, uma ameaça séria ou uma dificuldade muitas vezes intransponível. Da mesma forma, uma caçamba de lixo no meio da calçada, caixas no meio do caminho, um carro estacionado na calçada, uma árvore ou um poste caído, uma obra mal sinalizada etc.

No centro da cidade ainda encontro rampas de acesso para cadeirantes nas esquinas. Em todos os outros bairros, contudo, isso não ocorre. Mas, ora essa, cadeirantes andam somente pelo centro de Porto Alegre? Essa eu não sabia, não dá pra conceber um absurdo desses.

Possibilitar o acesso de pessoas com deficiência pela cidade não é um favor ou uma boa ação que as autoridades e algumas entidades estão fazendo. Não precisamos acreditar que as empresas e os governos que se preocupam com os deficientes são entidades louváveis e admiráveis. Eles não fazem mais que a obrigação.

As empresas, as cidades e os locais públicos não surgiram preparados para dar acesso a portadores de deficiência.

O homem esqueceu que as pessoas não são todas iguais; projetou que em um país com 189 milhões de habitantes todos seriam capazes de subir e descer escadas tranquilamente, correr, passar por buracos, desviar de obstáculos, escutar perfeitamente, enxergar, caminhar, se movimentar; esqueceu de si mesmo; esqueceu que as pessoas têm suas particularidades, suas deficiências e limitações.

Adaptar o espaço público e privado para viabilizar o acesso de todos é uma obrigação da sociedade, do governo, da iniciativa privada e de cada cidadão individualmente. Ninguém está excluído dessa obrigação. Todos poderiam ter nascido com uma deficiência. Qualquer pessoa pode ter um filho com deficiência, ou ainda, adquirir uma deficiência ao longo da vida. Portanto, construir uma sociedade que permita a inclusão de todos a qualquer lugar não é um ato de nobreza ou digno de louvores e aplausos. É apenas uma preocupação, que já deveria estar disseminada há muito tempo na consciência de todos.

Lembre-se disso quando fores obstruir uma rampa de acesso a cadeira de rodas simplesmente porque era o local mais fácil de estacionar. Pense nisso quando atravessar correndo uma rua movimentada por entre muitos carros. Olhe ao seu redor se não existem pessoas precisando de auxílio Na parada do ônibus ajude quem precisar de ajuda, seja para subir no ônibus, seja para ler a placa do ônibus.

Ensine seus filhos, desde cedo, a conviver, a respeitar e, principalmente, a admirar as diferenças. Mostre às crianças que nem todos são iguais e o quão maravilhoso é o fato de todos serem diferentes uns dos outros. Absolutamente todos têm suas particularidades, o que reforça que a minha certeza de que “deficientes” e “diferentes” é algo muito relativo. Diferente para quem? Diferente de que? Se cada indivíduo é único, como pode existir um padrão?

A verdade é que todos possuem alguma limitação ou deficiência, de diferentes ordens. Algumas pessoas possuem uma limitação física, mas que, com pequenas atitudes daqueles que a cercam, são facilmente superadas.

A pior limitação é a psicológica, é o preconceito, é a ignorância. Fingir que não existem deficientes circulando por Porto Alegre ou por qualquer outra cidade do Planeta e que as ruas não precisam estar preparadas para lhes proporcionar segurança e tranqüilidade é a maior das limitações que um ser (humano?) pode ter. Este é o pior atraso em termos de mentalidade e perspectivas para o futuro e que uma sociedade pode enfrentar. É uma mentalidade atrasada, que envergonha qualquer grupo social dotado de valores mínimos de respeito e igualdade.

Agora proponho que, na próxima vez você que sair de casa a pé, seja para qual destino estiver indo – longo ou curto, de dia ou de noite, acompanhado ou sozinho -, observe as calçadas, observe detalhadamente o caminho que faz, os obstáculos que existem, os locais que você precisa desviar. Preste atenção também na sua postura, no grau de atenção que você desprende com as coisas ao seu redor, com o movimento da rua e a tudo que lhe rodeia. Coloque-se, então, no lugar de uma pessoa com alguma deficiência, para a qual tudo fica mais difícil. Não tenha jamais pena dessas pessoas, elas não precisam – e tampouco querem – que alguém tenha pena delas. Tenha apenas respeito e disponibilidade em ajudá-las no que estiver ao seu alcance. Tenha pena, sim, das pessoas preconceituosas, com a mentalidade pequena. Os indivíduos com deficiência são fortes, aguerridos, batalhadores. Pense em como você poderia, com simples ações, facilitar a vida deles e já estarás contribuindo, e muito, com eles